Definitivamente o Barcelona não é o mesmo de anos atrás. Quem viu Guardiola conseguir um inédito sextete, ou o MSN fazendo estrago nas defesas adversárias, não imaginaria uma crise como a de hoje. E algo que reflete muito bem o caos político e administrativo do Barça hoje, são as contratações do clube.
Mais de 900 milhões de euros foram gastos nos mais variados jogadores desde 2014: desde contratações que poderiam fazer diferença, como Dembélé, Coutinho e Griezmann, que juntos custaram quase 400 milhões de euros, até contratações aleatórias e até cômicas, como Paulinho. Mas, afinal de contas, por que os gastos estão tão desordenados?
Pouca utilização de La Masia
Não é segredo para ninguém que a base do Barcelona sempre deu ótimos frutos ao longo do tempo: Xavi, Iniesta, Puyol, Messi, Busquets e por aí vai. São vários, e na era Guardiola muitos garotos da base foram amplamente utilizados. Porém, ele saiu da equipe, o presidente Laporta saiu do comando do clube e chegou um novo comando no Barcelona.
Sandro Rosell assume e logo começa a ter divergências com Guardiola, o que acabou se tornando um dos motivos para o treinador deixar a equipe posteriormente. Novo comando, novos métodos: as contratações de jogadores de fora começaram a ocorrer com mais frequência.
Com isso, os jovens foram perdendo seu espaço, como Grimaldo, atualmente no Benfica, e Isaac Cuenca, que tinha minutos valiosos com Guardiola e depois de sua saída começou a rodar por outros clubes. Até Takefusa Kubo, hoje pertencente ao Real Madrid, passou por La Masia. No entanto, antes de completar 16 anos, voltou ao Japão, se destacou e foi parar no maior rival, enquanto o Barcelona gastou 18 milhões de euros em Martin Braithwaite para reforçar o ataque na ausência de Suárez.
A saída de Guardiola
Guardiola pode ser conhecido hoje por gastar muito no City, mas passou longe disso nos tempos de Barcelona. Seus maiores investimentos foram em Ibrahimovic, que acabou não dando o retorno esperado, David Villa e Fàbregas, cria de La Masia que não foi aproveitada anteriormente e teve de ser contratado por milhões posteriormente.
Por outro lado, o que se viu foi jovens ganhando oportunidades aos poucos, e algumas peças da base sendo consolidadas. Piqué, que foi repatriado, assim como Fàbregas, posteriormente, Cuenca e Tello ganhando minutos, Busquets sendo promovido ao clube principal, e por aí vai.
Guardiola é adepto do cruyffismo, e tendo uma direção que ia contra isso, não se sentiu agradável em continuar. Ele saiu e o Barcelona, só em 2018/19, gastou 374 milhões de euros. Em toda a passagem de Guardiola, foram gastos 342 milhões de euros.
A diretoria
Guardiola se foi, a base já não é mais utilizada como antes, e o que resta pra diretoria após uma sequência de erros é agradar o torcedor com o “resultadismo”. Milhões foram gastos em jogadores que não se encaixavam na filosofia da equipe, e em troca, apenas uma Champions League e alguns Campeonatos Espanhóis.
O torcedor se agradou de fato, mas não imaginava que no futuro iria olhar para trás e ver que aquilo foi um erro. O clube abandonou suas origens e isso fez com que gastos fossem feitos de forma desordenada para compensar as perdas que estavam ocorrendo e passando despercebidas.
E o futuro?
Está claro que, pelo menos, a questão da diretoria está cada vez mais perto de não ser um problema futuro. Muitos pedem até a saída de Bartomeu antes das eleições, e isso se intensificou com a venda de Arthur para a Juventus. Além disso, entre os mais de 900 milhões de euros gastos, estão alguns que ainda não chegaram na equipe.
Francisco Trincão, do Braga, e Pedri, do Las Palmas, são dois jovens jogadores de ataque e com muito futuro pela frente que ainda não chegaram ao clube. Dois jogadores técnicos e habilidosos; mas, além de tudo coletivos, algo que faltou nos últimos anos para o Barcelona, que apostou em várias contratações individualistas ao decorrer das janelas de transferência.
O dinheiro já foi gasto, muitos jogadores que estiveram entre a bagatela gasta já nem estão mais no clube. O que a torcida tem que se preocupar agora é, de fato, com o futuro. Com muita grana gasta de forma errônea e um presidente perdido, o que resta ao Fútbol Club Barcelona é esperar.
Um comentário em “€ 900 milhões desde 2014: o que explica o insucesso nas contratações do Barcelona?”